Não Repouses.

Não repouses no meu leito de outono
As folhas ainda não teceram o colchão,
o orvalho não pintou as almofadas
com as cores das alvoradas

Deixa  a lua viajar
com o tempo que me anoitece
entre fios leitosos de luar
A vida é já aqui
Quero vivê-la com os sonhos que teci,
passear os olhos pelos vincos do tempo
ausente das orquídeas formosas
e esquecer o murmúrio na pele lavada de rosas
Quero afagar o bordado no linho
que cresce nos campos com cores de menino,
nos baloiços de água em searas azuis.
Aqui entrego este corpo que guarda e envolve
este eu que sou e não sou.

Quero o murmúrio do colo do rio
Fala-me das cantigas que ouvia no Estio
Quero acompanhar o pólen das flores
em  laranjeiras acesas
com a dança das abelhas
Deixa que o fado cante a alegria deste exílio
que o tempo traçou na falésia da vida
Só há fado se o destino o marcou

Eu quero o sonho na flauta de um silêncio
quero o silêncio no esplendor das marés
quero as marés na galáxia da vida
nas nuvens em montanhas coloridas
quero o fluido silencioso do mel
nesta viagem 

Deixo a amargura e o fel
numa outra carruagem
Manuela Barroso

Comentários

  1. Opa... mudou o formato.
    Nesse bem querer nem dá para repousar.
    Boa continuação de semana.

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  2. Oi Evanir...
    Boa entrada de mês.
    PAZ E BEM.

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  3. Passando para te desejar uma boa entrada de ano!

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  4. Oi Quanto tempo! obrigada pela visita e poema
    com certeza já fazia alguns meses que não aparecia
    nos teus espaços.
    PAZ E BEM.

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